Conclusões e Recomendações Unipessoal, Lda

Quais as razões e como criar um fundo de emergência para acautelar imprevistos?

02.12.2021
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Um segredo da boa gestão das finanças pessoais passa por criar um fundo de emergência.

Os especialistas em finanças pessoais são apologistas desta solução. A gestão das contas da sua família assenta num conjunto de boas práticas que lhe permitem ter dinheiro para gastar no dia-a-dia, poupar e até mesmo investir. Há que acautelar ainda momentos inesperados e criar um fundo de emergência para se salvaguardar em caso de:

- Desemprego;

- Hospitalização;

- Acidente de viação com consequente arranjo/abate da viatura;

- Necessidade viajar, de repente, para resolver um problema de saúde de um familiar, ou mesmo seu;

- Avaria de algum eletrodoméstico essencial;

Visa fazer face a vicissitudes da vida com impacto no seu orçamento doméstico. Recorde-se que os imprevistos não tendo hora marcada acabam por ser inevitáveis.

O que é um fundo de emergência?

O fundo de emergência é um determinado valor, colocado de parte, para utilizar apenas em caso de imprevisto. Propõe-se acautelar o pagamento das despesas correntes, durante um período de tempo, em caso de perda de rendimentos ou de necessidade de pagar despesas extraordinárias decorrentes de algum acidente ou doença.

É fundamental para dar resposta às despesas inesperadas, sem dia nem hora marcadas, e evitar ter mesmo que se endividar contraindo empréstimos, quando tem em curso preocupações mais prementes.

Quem tem apartamentos em edifícios está familiarizado com as práticas de gestão de condomínio que passam por cobrar, além da quota, um valor para o fundo de emergência (para investir em obras ou para resolver algum problema inesperado no prédio). Deve fazer o mesmo em sua casa.

Sendo assim, o seu agregado familiar deve colocar um valor de parte todos os meses. Atenção que não é uma poupança. A poupança, regra geral, tem um qualquer objetivo: tirar férias, comprar casa, estudar, adquirir uma televisão de última geração. O fundo de emergência serve única e exclusivamente para imprevistos como os já referidos e muitos outros. É como ter um extintor no carro.

O fundo de emergência está lá e não se mexe até que seja necessário apagar um fogo. No fundo, é um seguro informal. Noutros tempos era o pé-de-meia ou o dinheiro escondido debaixo do colchão para alguma eventualidade. Mas, também sabemos que estes locais estão longe de ser os lugares seguros e ideais para manter o dinheiro. Afinal, dinheiro parado perde valor.

Quanto dinheiro devo ter aplicado num fundo de emergência?

Nesta matéria impera o bom-senso. As receitas de cada família são muito diversas, bem como as despesas. Acima de tudo tem que assegurar o seu bem-estar agora, ao mesmo tempo que se salvaguarda de um desespero financeiro incalculado.

Analise as suas receitas e despesas mensais, faça um orçamento, veja onde está a gastar sem necessidade. Pense se precisa mesmo de comprar aquele fato, se vale a pena subscrever aquele serviço e evitar as compras de impulso.

Para ter um valor de referência, tendo em conta o exemplo dos condomínios, pode apontar-se para 10% do que ganha ou gasta. Deste modo consegue viver o seu dia-a-dia e pagar as suas despesas regulares e pontuais a tempo e horas. E em caso de imprevisto, também.

Os especialistas em finanças pessoais recomendam que o fundo de emergência tenha o valor equivalente a 6 vezes o montante que gasta por mês - se gastar 600 euros, deverá ter 7200 euros. Pode também ter por base o seu salário, aplicando-se também a regra de guardar 6 vezes o valor dos seus rendimentos de trabalho. Assim, se ficar sem emprego, poderá sempre suportar as despesas essenciais até voltar ao ativo.

Nesta época de incerteza acrescida, devido à pandemia COVID-19, alguns especialistas passaram a recomendar ter o equivalente a 12 meses de gastos ou rendimentos mensais.

O valor total aconselhado só será alcançado ao fim de muitos meses, mas tudo tem que começar por algum lado. Enquanto não consegue pôr 10% do valor das despesas de lado, ponha 5 euros, 10 euros, o que puder, e reforce com montantes mais elevados quando tiver possibilidades.

Quem trabalha por conta de outrem, com ordenado fixo, pode criar uma conta-poupança e programar uma transferência para esse fundo de emergência para o dia em que, por exemplo, recebe o vencimento. É fácil. Já os trabalhadores independentes poderão criar algum método. Podem colocar uma determinada percentagem de cada pagamento, por exemplo, nesse fundo de emergência. É importante referir que o fundo de emergência de trabalhadores independentes deve ser mais elevado que o dos trabalhadores por conta de outrem.

Onde devo guardar esse valor?

O ideal é abrir uma conta à ordem à parte, uma poupança e/ou investimento, de baixo risco, em bancos ou outras instituições financeiras, e que não o penalize caso necessite do dinheiro. Recorde-se que não sabe quando vai precisar do dinheiro, tem que ser uma solução flexível, a juros, que lhe garanta, no entanto, o levantamento em qualquer momento sem custos adicionais.

Assegure-se que a rentabilidade da solução escolhida está acima do valor da inflação, que, em outubro de 2021, estava em 0,45%. Caso contrário o seu dinheiro estará a perder valor real.

Já as contas-poupança para estudar, comprar casa, carro ou assegurar um complemento de reforma podem e devem ser produtos mais rígidos, com taxas de juro mais elevadas, uma vez que tem uma ideia de quando terá necessidade desse montante.

Como evitar a tentação de mexer indevidamente no fundo de emergência?

Às vezes somos os nossos piores inimigos. É preciso evitar tentações:

- Utilize apenas para imprevistos;

- Crie uma conta à parte apenas para este objetivo;

- Decline qualquer cartão de débito ou livro de cheques associado à conta onde está a criar um fundo de emergência;

- Tenha em mente que de um momento para o outro pode acontecer algo que necessite de um valor adicional;

- Lembre-se que se gastar o fundo de emergência poderá enfrentar problemas maiores no futuro;

Comece já hoje a acautelar o futuro e a criar um fundo de emergência. Os imprevistos são inevitáveis. Só fica por saber quando ou onde é que vão acontecer.

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